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sexta-feira, outubro 27, 2006

bairro do amor, bairro da loucura...

Bairro do Amor (Jorge Palma)

No bairro do amor a vida é um carrossel
Onde há sempre lugar para mais alguém
O bairro do amor foi feito a lápis de côr
Por gente que sofreu por não ter ninguém

No bairro do amor o tempo morre devagar
Num cachimbo a rodar de mão em mão
No bairro do amor há quem pergunte a sorrir:
Será que ainda cá estamos no fim do Verão?

Eh, pá, deixa-me abrir contigo
Desabafar contigo
Falar-te da minha solidão
Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem

No bairro do amor a vida corre sempre igual
De café em café, de bar em bar
No bairro do amor o Sol parece maior
E há ondas de ternura em cada olhar

O bairro do amor é uma zona marginal
Onde não há hotéis nem hospitais
No bairro do amor cada um tem que tratar
Das suas nódoas negras sentimentais

Eh, pá, deixa-me abrir contigo
Desabafar contigo
Falar-te da minha solidão
Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem


A letra desta música fez-me lembrar um dia em que fui visitar um amigo ao hospital Miguel Bombarda. Não sei se algum dia lá foram. Eu fiquei impressionada por ser um mundo à parte. Um mundo onde dei por mim rodeada de pessoas com doenças psiquiátricas, algumas falando comigo, abordando-me, tentando-me provar que estavam bem. Não havia uma pessoa “não doente” a receber quem chegava para a visita, que naquele caso era só eu. Fui ajudada a descobrir a pessoa que procurava por doentes, que também me tinham ajudado a chegar ao parque de estacionamento. Depois de a encontrar, pessoas entravam e saiam do quarto onde estava, falavam, mexiam nas coisas. Nem consigo explicar bem, mas no fundo é um mundo onde não se consegue comunicar, pelo menos à maneira de quem está são. Faz confusão. Às tantas, vi um enfermeiro ou médico a correr atrás de uma mulher, a agarrá-la e a “prendê-la”. Estava a tentar fugir do edifício onde os doentes estão fechados por questões de segurança. Tempos depois disso a minha mãe disse-me que uma amiga dela teve um problema e foi internada naquele hospital psiquiátrico. Tinha ficado muito perturbada…penso que não é para menos.
A sanidade mental tem limites muito ténues. Por vezes percebo-os em mim, por vezes percebo-os nos outros. Mas uma coisa é ir e voltar, outra é ficar…tenho muito receio disso…

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Agenda artística do grande cantautor marginal Jorge Palma actualizada em www.bloguepalmaniaco.blogspot.com
newsletter/informações: contactar ladoerradodanoite@hotmail.com

27/10/06 19:56  
Blogger Bruna Pereira Ferreira said...

Que linda esta música!
E que linda a sensibilidade que tens.

:) Visita-me.

15/11/06 15:48  

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